quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Fantástica Literatura Queer – Volume Laranja





Organizadores: Rober Pinheiro, Cristina Lasaitis
Autores: Osíris Reis, Cláudio Parreira, Eric Novell, Renato A. Azevedo, Cindy Dalfovo, Daniel Machado, Kyran, Rober Pinheiro. Prefácio: Luiz Mott.
Editora: Tarja Editorial
Ano: 2011
176 páginas

Sinopse: Segundo volume da coletânea de contos tendo por diretriz a diversidade tanto de estilos, gêneros (fantasia, horror e ficção científica) e sexualidade.

Seguindo a mesma linha da Fantástica Literatura Queer – Volume Vermelho, este livro reúne mais oito contos dentro das temáticas Ficção Científica, Fantasia e Horror, voltados pra a a diversidade sexual.

Neste volume, percebe-se ainda o cuidado na seleção e a qualidade literária dos contos.

Queda – Osíris Reis
Uma narrativa com contornos épicos, como se fosse um recorte de uma imensa batalha de dois anjos contra um grupo de guerreiros dispostos a destruir divindades femininas. A condução do texto é bem emocionante e lembra narrativas mitológicas. Nota dez para o uso preciso e ao mesmo tempo poético da linguagem. Emoção pura.

A Presença Cláudio Parreira
Atenção! Spoiller!
Um conto sobre um homem insatisfeito com seu casamento que passa sentir a presença de um ser que o seduz. Bem escrito, mas com um defeito:  o conto lembra um pouco um dos maneirismos de Wood Allen: criar uma mulher detestável para justificar o adultério. Isso minimiza o conflito. É fácil para o marido insatisfeito se jogar nos braços de outrem (mulher, homem ou espectro), se a esposa não se importa com ele e até o despreza.  Isso torna o conto previsível, ainda que esteja bem escrito. Um conto apenas competente e o mais fraco da coletânea.

Sonhos e Refúgios – Eric Novello
Um mago exorcista, num congresso de magia, faz uma palestra onde conta dois sonhos seus, recorrentes, relacionados com sua sexualidade, que acabam atrapalhando sua profissão. História bem movimentada, com uma leve referência à literatura policial, mas com um pé firme no fantástico.

A Lista: Letras da Igualdade – Renato A. Azevedo
Atenção! Spoiller!
Uma lista de discussões na internet, por algum fenômeno desconhecido, mistura vários universos paralelos, vários Brasis, onde os análogos podem trocar mensagens. Duas destas realidades acabam influenciando uma a outra. Em uma delas vive-se um momento de opressão violenta à diversidade sexual, com perseguição às minorias, na outra a situação é a extrema oposta, com uma ditadura das minorias (manipuladas por políticos inescrupulosos), escudadas em leis de “afirmação positiva”. Em ambos os mundos o que tem em comum é a intolerância, a corrupção dos políticos e a hipocrisia da sociedade.  Faz pensar. O melhor deste volume.

O Beijo de Alice – Cindy Dalfovo
O conto pode ser lido como uma resposta à pergunta: “quanto tempo será necessário para que os seres humanos percebam que amor é apenas Amor?” Basicamente fala, de uma forma muito poética, da mudança de conceitos, da rejeição completa à aceitação plena do amor, ainda que fora dos parâmetros considerados adequados pela sociedade.

A primeira vez de Silvânia – Daniel Machado
Uma transexual, Silvânia, é seguida por um ser sobrenatural em seu trottoir. A personagem é concedida como reunisse em si todas as rejeições preconceituosas: etnia, gênero, orientação sexual e prostituição. Cada aspecto desta personagem é desnudado através dos olhos do ser que a segue, que o leitor acompanha ao longo da narrativa. Muito bom.

Awaken – Kyran
Um padre faz uma cerimônia de exorcismo em um rapaz. O duelo do padre com as criaturas é o centro deste conto. As motivações do padre são questionadas pelos demônios e a pergunta principal é “o motivo da queda de um demônio não poderia ser simplesmente o amor?” Emocionante em vários aspectos.

Eu era um Lobisomem Juvenil – Rober Pinheiro
Nas ruas de São Paulo, um homem trata de seus negócios. Parece ser um simples traficante, mas é mais do que isso. Está em busca de alguém, como um caçador.  Narrado em primeira pessoa, vamos tomando conhecimento da personalidade e das intenções do narrador aos poucos.  A surpresa final fica por conta do letreiro em neón.

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