quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

As luzes de Alice


As luzes de Alice
Autor: Miguel  Carqueija
Editora: Hiperespaço (amadora)
Ano: 2000
40 páginas

Sinopse: Numa estação espacial, uma moça é assassinada de forma cruel. Não há pistas, mas Alice, que possui o dom da vidência se dispõe a encontrar o assassino, que garante não ser humano.

Miguel Carqueija é um veterano escritor que produziu muito, tanto de forma amadora, escrevendo para fanzines, como profissionalmente  com um romance e alguns contos publicados em antologias.

As luzes de Alice é uma típica publicação amadora, produzida artesanalmente pelo fanzine Hiperespaço em 2000.

O enredo se desenvolve rapidamente, talvez para adequar-se ao formato de noveleta, lembrando bastante histórias em quadrinhos, onde tudo tem que ser resolvido de forma rápida e econômica. Isso não permite desenvolver muito bem nem o suspense nem a caracterização dos personagens. E o suspense seria fundamental numa história com um mistério e um monstro alienígena saído das páginas de Lovecraft.

A vidência tem a vantagem de permitir Alice ir direto ao assunto, ainda que seja negada e até ridicularizada durante as investigações.  Mas mesmo com vidência ainda se poderia explorar melhor o suspense, dando um caráter de descoberta paulatina. A presença do monstro e a situação de enfrentamento poderia ser melhor, principalmente se comparado a outros escritos do próprio Carqueija, que sabe muito bem armar um bom confronto final.

Quanto aos personagens, eles correspondem a alguns estereótipos, já que não há tempo de desenvolvê-los. Talvez culpa do formato escolhido, porém há algo que incomoda: apesar de tudo se passar numa estação especial, com humanos e alienígenas, todos os personagens envolvidos são humanos ou se comportam como se fossem humanos, a não ser o monstro, é claro.

Contudo, a história flui bem e agrada o leitor que procura diversão. O texto é leve e bem escrito. Não vemos aqui com freqüência algo que eu reclamei ao resenhar outras obras do autor: o uso de termos ou arcaicos ou eruditos demais, que às vezes quebram a fluidez do texto.

Podemos considerar As Luzes de Alice como um embrião do que Carqueija faria posteriormente, como em Tempo das Caçadoras. A sugestão seria ou reescrevê-la ou aproveitar os personagens e o ambiente em outra história.

Um comentário:

  1. Muito obrigado pelos comentários ponderados. Aproveito para anunciar que As luzes de Alice ganhará, em breve, a sequência Mistérios do Mundo Negro, com a vidente retornando a estação espacial assombrada para mais uma missão. Desta vez, o tom é ainda mais leve e bastante bem humorado, um estilo no qual Carqueija está se especializando com ótimos resultados. A edição terá o selo Hiperespaço e acabamento gráfico similar a de As luzes de Alice. Deve ser lançado em algumas semanas.

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