domingo, 24 de outubro de 2010

Hoje eu sou Alice


Hoje eu Sou Alice
Título original:  Today, I´m Alice
Tradução: Andréa Gottlieb de Castro Neves
Autores: Alice Jamieson & Clifford Thurlow
Editora: Larousse
336 página

Sinopse: Alice Jamieson narra de forma emocionante a partir de suas lembranças fragmentadas, sua infância atormentada e o resultado disso: um Transtorno de Personalidade Dissociada, ou em termos não médicos, um caso de múltiplas personalidades.

Desde que Robert Louis Stevenson escreveu o Médico e o Monstro
e o mangá MPD Pysicho levou às últimas consequencias, a literatura tem registrado um sem número de histórias com esta temática, mas com o livro As Três Faces de Eva, de 1954, e Sybil, de 1973, de casos reais dramáticos foram levados à literatura e ao cinema.

 
O protótipo das personalidades 
multiplas: O Médico e o Monstro

Tal é o caso de Hoje eu sou Alice. A diferença em relação às outras duas obras é que esta foi feita pela própria vítima do transtorno, o que redobra o interesse, tanto para o leigo, como para o profissional da área.

Outra diferença, é que o livro não é centrado no transtorno em si, mas nas suas causas e na evolução, tanto que as manifestações de personalidades de múltiplas só surgem mais ou menos na metade do romance. Antes, surgem alucinações auditivas e outros comportamentos, que também são sintomas de outros transtornos, como a esquizofrenia.


As três faces de Eva
Um dos primeiros casos reais levados ao Cinema

Narrado em primeira pessoa, o livro comove e choca principalmente com a narrativa em detalhes dos abusos sexuais violentos sofridos por Alice na sua infância, cometidos pelo seu próprio pai e por estranhos, com o consentimento dele. Também é dramática a descrição da violência perpetrada a si mesma em suas múltiplas tentativas de suicídio e do processo de hospitalização, que muitas vezes parece cruel, mesmo num sistema de saúde considerado um dos melhores do mundo (Inglaterra). Além destes problemas, Alice sofre com anorexia, abuso de álcool e drogas lícitas e ilícitas, incapacidade de se relacionar e outros problemas.

O livro coloca como um dado a ser verificado, mas plausível, que o Transtorno de Personalidade Dissociada é causado por um mecanismo de defesa criado por uma criança muito nova, face à violência perpetrada contra ela de maneira continuada. Ou seja, “quem está sofrendo a violência é outro, não eu.” Outro fator a alarmante, é que o livro aponta que possivelmente em quase 100% dos casos, a violência é de natureza sexual, perpetrada por alguém muito próximo da criança. Isso vai ao encontro da narrativa de Sibil, mas está apenas implícita em As três faces de Eva (talvez seus autores não estivessem propensos a levantar esta polêmica na época).


 Sybil, um dos casos mais complexos de multiplas personalidades

Em suma, um excelente livro, que trata de um problema complexo e raro, sem se perder em detalhes técnicos, nem deixar de lado a dramaticidade dos acontecimentos ali narrados.

2 comentários:

  1. Me parece um tema bem instigante para qualquer leitor mas principalmente para aqueles que se dedicam à saúde mental.
    Sonia

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  2. Eu quero lê-lo. Me recomendaram e pretende adquirir.

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