domingo, 8 de agosto de 2010

A Origem

A Origem
Título Original: Inception
Roterio e Direção: Christopher Nolan
Elenco: Leonardo DiCaprio, Marion Cotillard, Ellen Page, Cillian Murphy, Joseph Gordon-Levitt, Ken Watanabe, Michael Caine, Tom Berenger
País: EUA/ Reino Unido
Duração: 148 min.
Ano: 2010

Sinopse: Espião industrial, Cobb, rouba segredos invadindo os sonhos das pessoas. Ele usa uma técnica chamada de “sonho compartilhado”, onde ele e sua equipe adormecem e “sonham o sonho”, da vítima, intervindo no seu desenrolar até chegar à informação desejada. Cobb é procurado para, em vez de extrair a informação, implantar uma idéia no inconsciente do herdeiro de um império industrial.

Discussões sobre sonho e realidade são comuns no cinema (David Linch que o diga), por um motivo bastante simples: o cinema é uma fábrica de ilusões, tanto quanto o inconsciente humano. Ver um filme, mesmo que seja um documentário, é desligar-se da realidade e penetrar no sonho de outra pessoa.

Filmar sonhos também permite ultrapassar os limites impostos pela realidade, como ocorre em A Origem, quando Ariadne, a arquiteta encarregada de construir o cenário dos sonhos, afirma que se é um sonho, não é necessário respeitar a física.


Um sonho precisa respeitar as leis da física?

Daí pra frente tudo é possível. Um trem andar no asfalto, ou a gravidade de um hotel ser anulada, ou andar-se num cenário construído por Escher.


Um dos cenários construídos por Escher

Isso gera a incerteza: se tudo é possível, qualquer coisa pode acontecer. Cobb e sua equipe, apesar de terem planejado cuidadosamente, na realidade não sabem o que vão encontrar. Isso garante o suspense de algumas cenas.

Outro fator, bem conhecido dos psicanalistas, é a resistência. Se alguém tenta mexer no meu inconsciente, vou reagir. Em A Origem, as “defesas” são bem violentas, permitindo assim boas cenas de ação e até algum humor.


Cobb e um auxiliar, enfrentando as defesas da vítima

Por fim, algo também conhecido pelos psicanalistas: se mergulhamos no inconsciente de alguém, também mergulhamos no nosso. Cobb traz para dentro do sonho da vítima seus próprios fantasmas interiores, tendo também que enfrentá-los para ter sucesso na missão.

O resultado é um filme movimentado, divertido e inteligente.

P.S.: (um pequeno spolier) Hoje é dia dos pais. Pode parecer que esta postagem não tem muito a ver com este dia, porém, a motivação maior de Cobb para fazer tudo o que fez foi simplesmente para poder rever seus filhos. E o cerne do problema da vítima que teve seu sonho invadido, era a relação com seu pai. Um bom motivo para ir ao cinema com seu filho, se ele tiver mais de 14 anos (classificação etária do filme).

5 comentários:

  1. Adorei o filme. Fazia tempo que não via um filme tão bom. Principalmente um que não fosse inspirado por hq, livro, videogame ou fosse mais um remake. Fico feliz de saber que no cinema hollywoodiano ainda há espaço para "originalidade". Fico feliz de saber que Christopher Nolan trabalhou tanto tempo em seu roteiro.
    Passei o filme inteiro empolgado e no final deixei o cinema com o pensamento de que o filme poderia ser ainda mais longo. Acho que ele ainda tinha mais lugares para ir sem ficar cansativo.
    Bom diretor, bom elenco e bom roteiro. Sim, é possível.

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  2. Adorei também o filme, e concordo com tudo o que você "resenhou"!
    []s

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  3. Gostei dos seus comentários. E o filme é mesmo muito legal...:)

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  4. Curiosamente também assisti o filme no dia dos pais e com meu filho :-).

    Filme fantástico - melhor que "Matrix" e seguindo a linha de "13o. Andar" - e você, mais uma vez, fez uma excelente resenha, contando o suficiente para atiçar o interesse do seu leitor sem revelar a trama demasiadamente aos que ainda não viram o filme.

    Parabéns e abraço,
    Paulo Elache

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  5. Gosto muito da engenhosidade do Nolan, com todos as suas camadas e não-linearidades.
    Os abismos oníricos do Inception são fantásticos, a história da vida do casal nas profundezas de um sonho tem um apelo estético e filosófico de arrepiar, e o desfecho leva a uma conclusão surpreendente para quem se pôr a pensar.
    Mas a desculpa hollywoodiana do "tem que ter muita ação e bang-bang" sucks! Detesto a norma da bilheteria a qualquer custo.

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